Entrevista com Clarice Lispector : http://www.youtube.com/watch?v=djj_gdxUrPI
A descoberta do Mundo ~
![Imagem](/uploads/1/9/6/4/19647297/10143.jpg)
"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. “Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais”.
(Texto extraído do livro A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector, editora Rocco, pg. 156).
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. “Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais”.
(Texto extraído do livro A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector, editora Rocco, pg. 156).
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A mãe de Clarice Lispector tinha graves problemas de saúde, inclusive paralisia, e que na cultura de seu povo, acreditava-se que uma pessoa em seu estado que tivesse um filho, seria curada. A respeito deste acontecimento, Clarice disse que seus pais a perdoaram por ela ter nascido, mas ela nunca se perdoou, uma vez que sua mãe não se curou.
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![Imagem](http://www.editmysite.com/editor/images/na.png)
Como se não bastasse todo o conflito íntimo, Clarice tinha plena consciência das dificuldades financeiras que sofria, o que lhe causava raiva, não maior que a raiva que sentiu, ao saber do câncer que a consumia. Quando soube confirmada a doença, pediu à Olga Borelli, sua amiga que escrevesse:
- “Dentro do mais interior de minha casa morro eu neste fim-de-ano exausta. Até fim-de-ano eu tive. Mas como se verá – não correu sangue. Bem que eu queria que corresse, e do mais brilhoso e da mais espalhafatosa faísca de fogo só para que fique provado em veia grossa minha foi tão de súbito lancetada. Chorei de raiva, raiva contra mim mesma. Me detestei por ser tão ingênua. Minha desordem criadora: do caos nascem as estrelas. Mas esta estrela, a do fim-de-ano, era de carne, pensava, e, a cada talho, doía…”(Clarice Lispector)
- “Dentro do mais interior de minha casa morro eu neste fim-de-ano exausta. Até fim-de-ano eu tive. Mas como se verá – não correu sangue. Bem que eu queria que corresse, e do mais brilhoso e da mais espalhafatosa faísca de fogo só para que fique provado em veia grossa minha foi tão de súbito lancetada. Chorei de raiva, raiva contra mim mesma. Me detestei por ser tão ingênua. Minha desordem criadora: do caos nascem as estrelas. Mas esta estrela, a do fim-de-ano, era de carne, pensava, e, a cada talho, doía…”(Clarice Lispector)
Cela no Quarto ?
![Imagem](/uploads/1/9/6/4/19647297/1369176074.jpg)
Clarice chamava seu quarto de cela de monge, dada a sua simplicidade: Cama espaçosa, armário embutido, uma estante com seus livros, uma escrivaninha antiga e outra pequena estante onde ela colocava suas joias, potes de creme, maquiagem e sempre um copo cheio de água.
Voce sabia ?
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Clarice além de tradutora, cronista e contista também trabalhou como jornalista e colunista de páginas femininas.
Seu trabalho como jornalista, servia apenas para subsistência, ja que Clarice não se considerava jornalista e nem gostava de atuar na imprensa.
Lispector trabalhou em vários jornais e utilizava pseudônimos:
Tereza Quadros- no jornal Comício
Helen Palmer- no correio da manhã
Ilka Soares- no Diário da noite
Clarice tinha um defeito na língua, era a chamada "língua presa" só que nunca quis operar por opção, dizia que iria ser uma operação bastante dolorosa.
Além de ter sido convidada a participar do Congresso Mundial de Bruxaria, Clarice gostava de consultar o I Ching, e a Astrologia.
Mas Olga Borelli (sua melhor amiga e secretária) relata no livro: "Esboço Para Um Possivel Retrato" - que ela não queria os fatos das consultas. Mas que apenas procurava o seu mais obscuro sentido.
“Considero também mágico o inexplicável sol que aquece minhas entranhas. Mágico também é termos inventado Deus e por um milagre termos acertado. (Clarice Lispector)
"Eu não creio em nada. “E contraditoriamente creio em tudo.” (Clarice Lispector)
"Eu digo que não sou supersticiosa, mas bem que sou." (Clarice Lispector)
Quando Clarice ia à praia, bebia três goles da agua do mar e se molhava sem mergulhar.
Quando jovem Clarice serviu como voluntária na campanha da Itália durante a II Guerra Mundial, no corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira.
Clarice Lispector era pintora e que seus quadros refletem muito de sua personalidade, suas angústias.
Seu trabalho como jornalista, servia apenas para subsistência, ja que Clarice não se considerava jornalista e nem gostava de atuar na imprensa.
Lispector trabalhou em vários jornais e utilizava pseudônimos:
Tereza Quadros- no jornal Comício
Helen Palmer- no correio da manhã
Ilka Soares- no Diário da noite
Clarice tinha um defeito na língua, era a chamada "língua presa" só que nunca quis operar por opção, dizia que iria ser uma operação bastante dolorosa.
Além de ter sido convidada a participar do Congresso Mundial de Bruxaria, Clarice gostava de consultar o I Ching, e a Astrologia.
Mas Olga Borelli (sua melhor amiga e secretária) relata no livro: "Esboço Para Um Possivel Retrato" - que ela não queria os fatos das consultas. Mas que apenas procurava o seu mais obscuro sentido.
“Considero também mágico o inexplicável sol que aquece minhas entranhas. Mágico também é termos inventado Deus e por um milagre termos acertado. (Clarice Lispector)
"Eu não creio em nada. “E contraditoriamente creio em tudo.” (Clarice Lispector)
"Eu digo que não sou supersticiosa, mas bem que sou." (Clarice Lispector)
Quando Clarice ia à praia, bebia três goles da agua do mar e se molhava sem mergulhar.
Quando jovem Clarice serviu como voluntária na campanha da Itália durante a II Guerra Mundial, no corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira.
Clarice Lispector era pintora e que seus quadros refletem muito de sua personalidade, suas angústias.
Biografia
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Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1920, mas quando questionada a sua nacionalidade Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia, "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo", e que sua verdadeira pátria era o Brasil. Passou a sua infância em Recife e depois se mudou para o Rio de Janeiro com o pai e suas irmãs. Uma das mais importantes vozes da literatura Brasileira morreu no ano de 1977.
Clarice se dizia mais que uma escritora uma “sentidora” porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias seus livros apresentam impressões. Sua primeira obra publicada se chamou perto do coração Selvagem.
Para Clarice, “Não é fácil escrever, é duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espalhados. Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as estrelinhas. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
Clarice se dizia mais que uma escritora uma “sentidora” porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias seus livros apresentam impressões. Sua primeira obra publicada se chamou perto do coração Selvagem.
Para Clarice, “Não é fácil escrever, é duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espalhados. Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as estrelinhas. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."